terça-feira, 16 de outubro de 2018

A Barcelona Modernista

O movimento modernista catalão, conhecido como MODERNISME se desenvolveu entre os anos de 1880 a 1930. Os avanços da Revolução Industrial criaram novas tendências na arquitetura, dando grande importância à estética. Alguns o consideram um equivalente da Art Nouveau, mas com personalidade própria. Os elementos decorativos são inspirados na natureza. É um estilo urbano e burguês, usado para demonstrar poder econômico.
Ainda hoje podemos ver vários exemplos desse movimento arquitetônico em Barcelona. A maioria desses edifícios se encontra no Eixample, um bairro grande, concebido por um engenheiro para expandir a cidade, justamente nessa época da Revolução Industrial. As ruas são largas, os edifícios não são muito altos e os quarteirões possuem pequenos jardins em ilhas para uso comunitário; as esquinas são chanfradas. É no Eixample que fica o Passeig de Gracia, sua rua mais emblemática e onde está a maior concentração de obras modernistas.
Já falei sobre algumas das obras modernistas quando fiz um post sobre o universo de Gaudì, o mais conhecido dos expoentes modernistas. Mas não é somente de Gaudì que vive o Modernisme. Vou tentar falar um pouquinho sobre essas maravilhas! Sobre algumas já falei, mas nunca é demais repetir. E uma dica: quem curte arquitetura e urbanismo, não pode deixar de conhecer, nem que seja por livros!
CATEDRAL DA SAGRADA FAMILIA: monumento mais visitado, obra-prima ainda inacabada de Gaudì. Carrer de Mallorca, 401.
Uma das fachadas laterais da Sagrada Familia
LA PEDRERA (CASA MILÁ): Passeig de Gracia, 92. Concebida por Gaudi para ser residencia da família Milá e também um condomínio com várias moradias. As chaminés no telhado são a coisa mais surreal que já vi!.
La Pedrera

Maquete exposta na própria Casa Milá
CASA BATLÓ: junto com a Catedral da Sagrada Familia uma das obras de Gaudi mais conhecida e mais visitada. Sua fachada de mosaicos de azulejos coloridos e o telhado parecendo as escamas de um réptil realmente chamam a atenção! Passeig de Gracia, 43.
Fachada da Casa Batló
PARQUE GÜELL: o espaço verde mais emblemático de Barcelona.
Um dos edifícios da entrada do parque
Praça da Natureza
PALAU DE LA MUSICA CATALANA: uma casa de concertos construída entre 1905 e 1908 por Lluís Domenech i Montaner. Considerada uma jóia do movimento modernista, está localizada na parte mais antiga da cidade (bairro da Ribera), perto do bairro Gótico. Não fiz a visita nessa última viagem à Barcelona, portanto peço desculpas pela falta de fotos. Impressiona os mosaicos com motivos florais espalhados por todo o edifício. A clarabóia na sala de concertos é incrível! Está aberto à visitação, mas as visitas são sempre guiadas e duram em torno de 1 hora.
RECINTO MODERNISTA DE SANT PAU: Carrer de Sant Quinti, 89. O local tem uma história longa, pois antes do prédio atual funcionava ali o hospital de Santa Cruz desde 1401. Com o crescimento da cidade, encarregaram Lluís Domenech i Montaner, com o financiamento do banqueiro Pau Gil de construir não um hospital, mas o complexo hospitalar de Santa Creu (Santa Cruz) e Sant Pau. A construção durou de 1902 a 1930. Foi para esse hospital que Gaudí foi levado após o atropelamento que o vitimou. Funcionou como hospital até 2009 e  para nossa alegria, a partir de 2014 está aberto à visitação. São vários pavilhões com um  jardim central. Os pavilhões e o jardim são interligados por túneis subterrâneos. Chamam a atenção o Pavilhão São Rafael, São Jordi e o da Administração.
Eu como médica, tinha um interesse especial nessa visita, que foi meu objetivo principal na minha  última visita à Barcelona em 2017.

Maquete que mostra o tamanho dessa "masterpiece" modernista
Fachada principal

Detalhe da fachada principal

Detalhe do prédio principal
Objetos médicos em exposição
Interior de uma das alas
Jardim interno
Detalhe externo dos pavilhões

Detalhe externo dos pavilhões
Interior do pavilhão da administração

Parte externa do pavilhão da administração
CASA AMATLER: Passeig de Gracia, 43. Ao lado da Casa Batló, residencia do Sr Amatler, dono de uma fábrica de chocolates, e sua filha. Foi reformada entre 1898-1900 pelo arquiteto Puig i Cadalfalch. O estilo escolhido foi o neoclássico, com vários elementos modernistas. Mantém seu mobiliário e tudo foi restaurado e aberto à visitação em 2015.
CASA LLEÓ I MORERA: Também localizada no Passeig de Gracia, no número 35. A casa da família Morera desde 1864, foi reformada em 1905 por Domenech i Montaner. Notamos na parte externa muitos motivos florais que lembram o Palau de La Musica Catalana.
Essas duas casas juntamente com a Casa Batló, formam o chamado "Quarteirão da Discórdia", ou "Manzana de la Discordia". O estilo modernista surgiu numa época de ascenção da burguesia catalã e havia muita disputa de qual a casa mais bela da cidade, disputa essa inflamada pela imprensa local que criou esse nome.
Casa Amatler ao lado da Casa Batló. 

Parte das fachadas da Casa Batló e Amatler - "Manzana de la Discordia"
Outras obras modernistas:
CASA VICENS: casa de Manuel Vicens fabricante de azulejos feito por Gaudi. Carrer de les Carolines, 20.
PALACIO GUELL: residencia privada da famíloa Guell. Carrer Nou de La Rambla, 3-5.
CASA COMALAT: Avinguda Diagonal, 442
CASA FUSTER: Passeig de Gracia, 132
CASA CALVET: Carrer San Marc, 57
CASA FIGUERAS O TORRES BELLESGUARD: construída junto às ruínas medievais da Torres Bellesguard (bela vista). Carrer de Bellesguard, 20.
CASTELO DOS 3 DRAGÕES: dentro da Parc de La Ciutadella, onde hoje funciona o Museu de Ciências Naturais.

Se não puder conhecer todos, eu sugiro as casas do Passeig de Gracia (as 3 que se encontram proximas: Batló, Amatler e Lleó i Morera, além da Casa Milá). Mesmo que não consiga visitar todas por dentro, vale pelo menos admirar o estilo arquitetônico. A Igreja da Sagrada Familia e o Parque Guell são icônicos e merecem visita também. O Palau da Musica Catalana e o Recinto Modernista Sant Pau também têm lugar de destaque na minha lista.

Aproveitando que está no Passeig de Gracia, indico dois lugares para ir depois das visitas:
EL NACIONAL: um espaço gastronômico com decoração que lembra os anos 30 (para continuar no tema modernista), aberto em 2014 no Paseig de Gracia, 24 BIS, com uma entrada mais recuada mas bem sinalizada. São 4 bares - de vinhos, de cervejas, de ostras e de coquetéis e 4 restaurantes - La Braseria, La Taperia, La Paradeta e La Llotja.
Fachada do El Nacional


Um dos bares do El Nacional

Coca (uma especie de pizza) Catalana no La Paradeta
MORDISCO: um bar de tapas muito bom, com decoração contemporânea na Passatge de La Concepció, 10. Eu adorei!
Presunto pronto para fazer parte de um tapa maravilhoso!


Um outro local que pode ser visitado não é exatamente um exemplo do Modernisme mas foi idealizado por um dos arquitetos modernistas Josep Puig i Cadafalch: o Poble Espanyol. É praticamente um museu a céu aberto construído para a Exposição Universal de 1929 e como muitas obras para essas exposições em outras cidades, não foi desmontado depois. Ele concentra no mesmo espaço réplicas de vários dos estilos arquitetônicos de toda a Espanha. É uma viagem pelo país sem sair do lugar. Hoje tem lojas de artesanatos nas edificações.
Maior tacho de paella que eu já vi!

Pueblo Espanyol

Nenhum comentário:

Postar um comentário