quarta-feira, 5 de abril de 2017

Paris: um passeio pelas ilhas do Sena

Outro passeio imperdível quando se vai à Paris, é a visita das atrações que se situam nas ilhas do rio Sena. Sendo a maior e mais conhecida delas a visita à Catedral de Notre Dame.
São duas ilhas maiores, a Île de la Cité, a maior e a Île Saint-Louis. Na Île de la Cité, estão os primeiros sinais de ocupação humana na região de Paris; primeiro os francos (chamados parisii), depois os romanos e a ocupação não parou mais.
Cartão postal (coisa antiga, não? mas eu amo!) mostrando o rio Sena, suas pontes e as duas ilhas: Île de la Cité e Île Saint Louis
Começo atravessando a Place du Carrousel, em frente ao Louvre e vou até o Quai François Mitterand (quai, traduzido como doca, é o nome de todas as avenidas nas margens do rio; cada parte tem um nome diferente). O passeio já começa interessante, vendo o rio, entre árvores, a beleza das pontes e o museu do Louvre por ângulos bem diferentes.
Fachada lateral do Museu do Louvre

Apreciando o rio Sena
Já na chegada ao quai, olhando para o lado da Praça da Concórdia, vemos a Pont Royal, linda com seus arcos.
Pont Royal e seus arcos. Linda!
Vista da Pont des Arts e das torres da Notre Dame ao fundo obtida da Pont du Caroussel
Começo minha caminhada na direção oposta, em direção as ilhas pelo Quai François Mitterrand, ladeando o museu do Louvre, até me aproximar da Pont des Arts, uma estrutura metálica muito bonita. Uma ponte somente para pedestres, que liga o Institut de France na margem esquerda ao Louvre na margem direita. Super, mega conhecida como a ponte dos cadeados de amor. Acho que todo mundo já sabe dessa tradição, de colocar numa ponte, principalmente na Pont des Arts, um cadeado com os nomes do casal. Acontece que a tradição se espalhou de tal forma e a quantidade de cadeados ficou tão grande, que em 2015 a prefeitura de Paris, retirou os cadeados dessa ponte, alegando questões de segurança para a estrutura da ponte e para quem passa de barco embaixo. Os cadeados retirados estão sendo leiloados, e as grades da ponte hoje em dia viraram locais para street art. As grades nas laterais da ponte no quai continuam cheias de cadeados ainda, e outras pontes como a Pont de l’Archevêché, atrás da Catedral de Notre Dame também.

Pont des Arts vista ao longe. Já dá para notar as laterais sem os cadeados, somente com painéis.
Alguns cadeados foram transferidos para as grades na entrada da ponte
A ponte de l'Archevêché também está cheia de cadeados

Ao redor da entrada da ponte, estão vários artesãos vendendo seus trabalhos, sempre muitas aquarelas sobre Paris, muita coisa linda! Essa área tem as famosas caixas metálicas verdes dos “bouquinistes”, uma instituição cultural parisiense.
As caixas verdes metálicas dos "bouquinistes"
Depois da Pont des Arts, continuo meu caminho descendo para o Quai des Tuileries, no nível do rio, até próximo à Pont Neuf. Essa ponte apesar do nome (neuf = nova) é a ponte mais antiga de Paris e a primeira que já dá acesso a Île de la Cité.  


Descendo para o Quai inferior

Avistando a Pont Neuf
Descansando nos bancos que existem na Pont Neuf
Esse passeio pela margem ao nível do rio pode ficar ainda mais interessante se for verão e estiver funcionando a Paris Plage, um evento super legal sobre o qual já falei num outro post: O que ainda se pode dizer sobre Paris?
Paris Plage - evento que ocorre no verão
Paris Plage
Desse ponto em diante eu volto ao nível mais alto seguindo pelo Quai du Louvre e Quai de la Mégisserie, passo pela Fontaine de Châtelet e entro na Pont au Change para iniciar a exploração da Île de la Cité.
Chegando à Pont au Change
De cara a gente já vê melhor um edifício que vem chamando atenção por grande parte do passeio, o prédio da Conciergerie. Ele foi restaurado e está lindo!
Avistando a Conciergerie
A Conciergerie (2, Boulevard du Palais) é uma parte do antigo palácio real que existia na ilha, assim como a Sainte Chapelle o próximo ponto que podemos visitar e o Palácio da Justiça. Quando a família real mudou-se para o Palácio do Louvre, esse palácio ficou funcionando com tribunal e depois também como prisão. Em francês, o encarregado das prisões é o “concierge”, daí o nome de Conciergerie para essa parte que juntamente com a Sainte Chapelle, resistiu ao tempo e às revoluções. Por falar em revolução, na época da Revolução Francesa a Conciergerie teve seu prisioneiro mais famoso, a Rainha Maria Antonieta, que ficou presa lá até ser morta na guilhotina ma Place de la Concorde. Numa das torres da Conciergerie está o relógio público mais antigo de Paris. Desde o início do século XX o prédio é aberto para visitação de seus salões e celas.
O mais antigo relógio público de Paris numa das torres da Conciergerie
Outra parte do antigo palácio que resiste até hoje, é a Sainte Chapelle (8, Boulevard du Palais). Hoje ela se encontra dentro do Palácio da Justiça, mas pode ser visitada, mediante compra de ingresso. Vale um lembrete: como ela se encontra dentro do Palácio da Justiça, mesmo com compra antecipada de ingressos, para entrar tem que passar por detector de metais, então tem fila! Como sempre que viajamos queremos fazer muitas coisas num só dia, é bom lembrar desse detalhe quando fizer sua programação. Separe um tempo maior para essa visita. Se por esse motivo está pensando em pular essa atração, saiba que essa capela pequena é considerada uma joia da arquitetura gótica! Foi construída dentro do palácio real pelo rei Luís IX (depois São Luís) e abrigava uma relíquia da coroa de espinhos de Cristo (ter relíquias sacras era uma prática comum na época medieval). Tem dois andares, o de baixo para os súditos, toda ornamentada em vermelho e azul e decorada com a flor de lis, símbolo da realeza francesa e o segundo andar para a família real, com paredes praticamente toda recoberta por vitrais. Durante a Revolução Francesa a capela foi vandalizada, com destruição dos bancos, altares e dispersão das relíquias, mas os vitrais ficaram intactos! Ela estava sendo usada como escritório e as paredes estavam cobertas por enormes armários que protegeram esse vitrais, para nosso deleite!
Detalhe dos vitrais da Sainte Chapelle
Depois da visita à Sainte Chapelle, saia para o Boulevard du Palais, entre na Rue de Lutéce e vire à direita na Rue de la Cité. Em poucos metros já vamos ver a praça em frente à Notre Dame (Parvis). Nessa praça fica o Marco Zero da cidade de Paris. No subsolo está a Cripta Arqueológica aberta para visitação, com resquícios de construções das primeiras ocupações da ilha.
Aqui você está de frente para ela: a famosa Catedral de Notre Dame!
Fachada da Catedral de Notre Dame
Ela é ícone do estilo gótico e começou a ser construída em 1163! Dá para acreditar? Em 2013 ela comemorou 850 anos em grande estilo!
Em 2013 a Catedral comemorou 850 anos

Além de serviços religiosos regulares a Catedral sempre abriga concertos, principalmnete no ano em que comemorou 850 anos.
Quando se olha para a Catedral é possível dividi-la em três níveis horizontais e três colunas. Ela pode ser visitada por dentro, claro, e aconselho a fazer isso, mas é bom perder um tempinho olhando a estrutura externa.  Eu sei que existe fila para entrar, isso gera pressa, mas vale a pena perder um tempo olhando, nem que seja depois da visita, na saída.
Sempre linda!

Quanto mais perto mais detalhes a gente reconhece

Tres níveis horizontais e tres colunas /disitntas.
No nível inferior encontram-se três portais, cheios de detalhes; o da direita dedicado à Santa Ana, o da esquerda à Virgem e o central, maior é o Portal do Julgamento Final. Acima dos portais existe uma galeria de estátuas representando os Reis da Judéia.
Detalhe dos portais e da galeria dos reis
Detalhe de um dos portais

Detalhe dos portais
No nível intermediário fica a Rosácea, em vitral.
Rosácea vista do interior da catedral.
No nível superior estão as torres: sul, onde estão os sinos (o Emanuel, único sobrevivente, agora acompanhado dos novos) e norte onde se pode subir (são cerca de 400 degraus, sem acessibilidade) e ter uma visão da cidade, além de apreciar de perto as famosas gárgulas. Aqui mais que para entrar na Catedral as filas são enormes! Sempre importante programar o tempo se você quiser e tiver pique para subir até lá.
Entrando, você pode fazer a visita sozinho, observando os detalhes do coro, as capelas laterais, o altar central e seus entalhes, o órgão enorme recentemente restaurado, os transeptos e suas rasáceas. Existe também a possibilidade de visitas guiadas ou áudio guias, que você pode alugar no interior da igreja mesmo.
Detalhe do interior da Catedral

Detalhe do interior da Catedral.
Voltando ao lado de fora, parta para analisar a Catedral de outros ângulos, o jardim lateral à direita e a praça João XXIII atrás, de onde se tem uma vista maravilhosa dos arcobotantes.
Jardim do lado direito da Catedral.

Praça Joâo XXIII na parte de trás da Catedral.

Detalhe dos arcobotantes
Depois dessa visita à Catedral, imperdível, mas cercada de muita gente e agitação, está na hora de conhecer a Île de Saint-Louis, atrás da Île de la Cité, um verdadeiro oásis! Muito mais tranquila, com casas residenciais e pequenos comércios.
Atravessando a ponte São Luis em direção à ilha do mesmo nome.
Aproveitei para sentar e tomar um vinho rosé na La Brasserie de l’Isle Saint-Louis, descansar e apreciar a vida! Bem francês, não é?
Pausa para descansar e apreciar a tranquilidade da ilha saboreando um vinho rosé da Provence
Depois dessa parada o ideal é passear pela Rue Saint-Louis en l’Île, e não passe por aqui sem provar o famoso sorvete Berthillon no numero 29-31. Da última vez que estive lá provei o caramel au berré salé (caramelo salgado) e estava delicioso!  
Continue o passeio pela Rue des Deux Ponts e pelo Quai Bourbon. Tenho um interesse particular em passar por aqui pois no número 19 morou Camille Claudel, uma escultora discípula de Rodin, que admiro.
Passeando pelas ruas tranquilas da Île Saint-Louis
Vista do Quai de Bourbon
Voltando para a Île de La Cité, tem várias maneiras de continuar esse passeio:
É possível visitar o Hotel de Ville (a prefeitura de Paris), que fica bem próxima; é só atravessar a Pont d’Arcole. Coloquei a visita ao Hotel de Ville, no primeiro post, quando do passeio pela Rue de Rivoli (post Passeio pela região do Louvre), mas é possível juntar com esse passeio às ilhas.
Se quiser parar para almoço, sugiro o restaurante AU BOUGNAT (26, rue Chanoinesse), próximo à Catedral de Notre Dame.
Outra opção seria seguir para a margem esquerda e passear pelas pequenas ruas do Quartier Latin. Muitas ruelas interessantes, muitos pequenos cafés, restaurantes, livrarias, lojas, gente.
Caminhando pelas ruelas do Quartier Latin

Caminhando pelas ruas do Quartier Latin
Tem muita coisa para ver no Quartier Latin, tradicionalmente um bairro boêmio, mas por hoje o melhor é comer para terminar esse dia longo. Uma sugestão é o Le Petit Chatelet ( 39, rue de la Boucherie).
Mapa da região mostrada no post. Os pontos verdes são pontos descritos e de interesse.

P.S. se você chegou até aqui na leitura, obrigada! Esse post ficou longo mas eram vários detalhes interessantes, que eu achei que valia a pena colocar!